top of page

Tonalismo, nagualismo e xamanismo

Uma complexa noção cosmológica que está presente na grande maioria das culturas indígenas do México é aquela conhecida como tonalismo e nagualismo, ainda que se manifeste com diferentes características em cada uma delas. Tal concepção propõe uma "teoria das almas", segundo a qual os seres humanos têm uma ou mais entidades anímicas companheiras, quer sejam animais ou fenômenos atmosféricos (raios, trovões, centelhas etc., concebidos também como entidades anímicas), que nascem junto com o indivíduo e que serão suas coessências durante toda a existência, constituindo uma força vital externa, mas associada à vida humana. De acordo com esta teoria, todos os seres humanos possuem um tonal, uma força vital que o acompanha, mas somente uns poucos são dotados da capacidade de se transformar em seu alter ego, o que se conhece como "nagualismo", na língua náhuatl.

O tonalismo e o nagualismo são algumas das concepções mais antigas da tradição civilizatória mesoamericana, já que as encontramos plasticamente representadas nas esculturas da chamada "cultura mãe" olmeca, em datas que remontam a mais de 30 séculos (M. Coe 1965). Para os Olmecas, tal como para as culturas que durante milênios deram continuidade e reproduziram as concepções mesoamericanas até o presente, a entidade preferida, tanto como coessência como tendo em vista a transformação, é o jaguar (P. Furst 1968), um animal emblemático em todas as populações ameríndias. Há uma razão evidente para se propor a relação de poder de certos indivíduos com o jaguar, já que este é, em toda a América Central e do Sul, o único caçador que caça o homem. Por esta razão é um igual e um rival, um "outro", tão temido quanto admirado, entidade que se cultua, ao mesmo tempo em que se pretende emular.15

Muitos dos altos dignitários das configurações estatais mesoamericanas se vestiam com peles de jaguar, incluíam-no em seus nomes ou para ele erigiam representações em pedra. Na área maia yucateca, inclusive, o próprio termo que designa o jaguar, balam, também alude ao oculto, ao extra-humano, ao que chamaríamos de "sagrado". Assim, o templo construído pelos rebeldes maias que protagonizaram a massiva insurreição do século XIX, conhecida como "guerra de castas", denominava-se, precisamente, Balam Nah, "casa ou morada do jaguar ou do oculto" (M. Bartolomé & A. Barabas 1981 [1977]). De fato, o nome do antigo xamã, adivinho e profeta, que recorria ao estado de êxtase para suas práticas oraculares era precisamente Chilam Balam, "o que é boca do oculto".

Para os maias do período clássico (cerca de 300-900 D.C.), a presença de uma noção de coessência é marcada pelo glifo way, etimologicamente vinculado à transformação em animal, ao sonho, à bruxaria e às visões (S. Houston & D. Stuart 1989). Ao que parece, a tradução do termo náhuatl nahualli seria aproximadamente a de máscara ou disfarce, ou seja, o indivíduo transformado se converte em seu outro, se reveste metaforicamente com a sua pele (A. López Austin 1972). De acordo com este autor, o termo nahual poderia ser traduzido como "o que é meu traje". Os textos antigos referemse aos homens-deus como ixiptla do deus protetor, ou seja, sua "imagem", "delegada", "substituta" etc., já que a palavra ixiptla pode ser traduzida como "pele", "cobertura" ou "casca", equivalente, então, ao nahualli (1972:118119). Isto seria confirmado pelo atual termo mixteco tnuu para designar os naguais, que pode ser traduzido como negro ou máscara, ou nuutnuu "algo negro que cobre a cara" (dados de campo).

Os atuais Chinantecos de Oaxaca, grupo no qual o nagualismo tem vigência extraordinária, também designam um tipo especial de "bruxos" naguais como "homens couro", dzäläan, ou seja, pessoas revestidas, termo no qual a partícula lä alude ao poder de transformação (M. Bartolomé et al. 1999, Vol. II:78). De acordo com o dicionário colonial zapateco de Córdoba, escrito por volta de 1578, a palabra zapoteca para "bruxo" é huecháa, é um nagual, já que alude ao que "se transforma" ou "ao que muda" (D. Augsburger 2003:247), conceito que continua sendo utilizado na atualidade. Vemos então que, dentro de sistemas sociorreligiosos altamente estruturados por suas classes dirigentes e sacerdotes e reproduzidos através da escrita, estas noções milenares eram parte de uma ideologia social tanto estatal quanto popular.

O transformismo ou a metamorfose de seres humanos em animais, ou vice-versa, é uma noção registrada, possivelmente, em todas as culturas do mundo, e que podemos ver plasticamente representada nos mais antigos desenhos do Egito ou da Mesopotâmia. O mesmo ocorre na maioria das tradições ameríndias. Contudo, o nagualismo não equivale a todo transformismo. Dentro da tradição mesoamericana, aparece como uma concepção cultural e politicamente formalizada de modo singular e vinculada ao poder político. Tratava-se de um princípio cósmico ao qual correspondia uma contrapartida social (ou vice-versa). As próprias divindades tinham duplos ou alter egos companheiros, tal como o testemunha, por exemplo, e para sairmos da casuística naua, um mito cosmogônico dos Mixtecos, recolhido pelo cronista Fray Gregorio García, no qual narra o nascimento dos irmãos gêmeos, filhos do casal primordial:

O primeiro se chamou Senhor 9 Vento Cobra (emplumada). O segundo se chamou Senhor 9 Vento Yahui (Serpente de Fogo). Estas duas crianças foram criadas com muita alegria: o nagual do mais velho era uma águia (yaha) que andava voando pelos altos, o nagual do segundo era uma serpente alada (yahui), que voava pelos ares com tanta agilidade e sutileza que entrava pelas rochas e paredes e se tornava invisível (apud M. Jansen & G. Pérez Jiménez 2008:91).

Do mesmo modo que as entidades divinizadas, seus representantes terrenos, descendentes das divindades, as classes governantes e sacerdotais também possuíam poderosos duplos e a capacidade de transformação que legitimava seu poder terreno em nível cósmico. A iconografia pré-hispânica é abundante em imagens de divindades acompanhadas de suas coessências, assim como de líderes políticos e religiosos junto aos quais se infere a presença de seus duplos. Recordemos que os chefes políticos ou religiosos, muitas vezes o mesmo indivíduo, eram representantes das divindades, já que seguiam o modelo de conduta herdado do herói cultural, de acordo com a tradição mesoamericana do Homem-Deus (A. López Austin 1972). Em especial, as sociedades que desenvolveram sistemas calendários, nas quais a carga de poder ou energia solar do dia ficava associada ao indivíduo que nascia naquela data, parecem ser as que com maior ênfase desenvolveram e conservaram - até o presente - esta tradição, que as formações estatais transmitiram às pessoas comuns, já que, se não as conheciam, não podiam influir sobre elas. O nagualismo aparece, assim, ligado não somente às concepções cosmológicas, mas também às lógicas políticas próprias de sociedades estratificadas e altamente hierarquizadas.

Os naguais dos líderes e altos sacerdotes eram defensores de seus povos mas, ao mesmo tempo, uma recordação das capacidades extra-humanas que impunham temor aos que estavam sob sua influência. A condição definidora do nagual era a transformação, que lhe permitia incursionar no mundo alternativo pelo espaço-tempo paralelo, e ali defender as entidades anímicas de sua comunidade, ou agredir os alter egos inimigos de sua gente. Trata-se de um típico poder dual e xamânico; para seus defendidos, era um benfeitor, mas para seus inimigos, um terrível predador.

Poderíamos entender a noção de nagualismo na tradição mesoamericana como um complexo cultural integrado por um conjunto específico de traços, que podem estar presentes em outras culturas, mas que aqui manifestam uma associação singular. Os traços sintetizam-se na noção de que as divindades e algumas pessoas possuem duplos e coessências vitais nas quais podem se transformar. Esta capacidade constitui um modelo de legitimação cósmica e social para os líderes políticos e religiosos (não muito diferenciados), razão pela qual ganha contorno em configurações institucionais em distintos momentos históricos, em diferentes culturas de tal tradição. Em outras palavras, o nagualismo implica um conjunto de representações coletivas acerca do fato de se possuir uma dupla identidade, ao mesmo tempo cósmica e social, que constitui o substrato das crenças que orientam um aspecto das ideologias das formações estatais mesoamericanas. Nelas, o nomos e o cosmos são coextensos e conformam uma mesma noção de realidade, na qual os naguais têm a capacidade de se tranformar para transitar, comunicar e atuar sobre tudo o que existe.16

Tal como demonstra o registro etnográfico, a maior parte das culturas indígenas contemporâneas possui sua própria concepção sobre o tonalismo e o nagualismo, na qual também se sustenta a construção da noção de pessoa social (M. Bartolomé 1997). Nos dias de hoje, é frequente que as duas noções se encontrem unificadas, formando parte de uma mesma esfera conceitual referida à potência das coessências anímicas, e o termo nagual designa tanto o alter ego como a capacidade de "mudança" neste último. Este é o caso dos atuais Zapotecos das montanhas, para quem o mesmo conceito bxej designa tanto o animal companheiro como a capacidade de transformação.

Tal como se enuncia no registro etnográfico, assim como em nossa própria experiência, é muito difícil ter acesso a uma formulação definida a respeito deste tema. Trata-se, em geral, de concepções e experiências vividas, mas não sistematizadas, que se encontram fragmentariamente contidas em relatos, narrações e anedotas de circunstâncias concretas nas quais os indivíduos tiveram relação com seus alter egos, tiveram notícias de transformações ou de ações nagualistas. Mais do que uma construção "teórica" derivada da presença e da exegese de especialistas, trata-se de um fenômeno ligado à experiência individual e social, que o reproduz e o difunde, razão pela qual a teoria sobre estas antigas noções culturais deve ser elaborada pelo investigador, ainda que em tal elaboração se leve em conta o "ponto de vista nativo". São relatos de experiências cotidianas nas quais o "outro mundo", o âmbito das entidades extra-humanas, fez contato com este nível da realidade e permitiu aos seres humanos confirmarem as provas de sua existência e de sua potência.

Para um observador externo, é muito difícil compreender a vivência social do nagualismo, ainda que se chame a atenção para o fato de que as entidades anímicas são motivo recorrente para intrepretar os acontecimentos que afetam a coletividade, seja porque sua presença desperta um sentido de proteção ou de temor, ou porque exibe um aspecto ameaçador da realidade alternativa; mas é evidente que os povos indígenas têm nesta noção uma chave para o conhecimento profundo de diferentes aspectos da realidade, cujas manifestações exteriores são vistas como mera aparência das verdadeiras forças que subjazem aos fatos. Uma morte inesperada, um acidente que faz com que uma pessoa caia na água e se afogue, a presença de uma epidemia, alguma praga que afeta as plantações, mudanças inesperadas nos desempenhos das autoridades municipais, a conduta errática de um indivíduo em relação à sua família e vizinhos, a vontade de aceitar algum benefício apesar da carência de recursos, e até o nascimento de crianças defeituosas podem encontrar na ação dos naguais sua explicação última.

Se temos dedicado tanto espaço a esta concepção é porque tratamos de definir qual é o aspecto anímico do xamã que se transporta ao Mundo Outro e que, em grande parte dos casos, é precisamente seu nagual. Tratase, então, de um componente fundamental da prática xamânica histórica e contemporânea. Há mais pesquisas em curso e deve-se continuar analisando detidamente as relações entre o nagualismo e o xamanismo nas culturas do México. Do nosso ponto de vista, proporíamos que o tonalismo-nagualismo, em um de seus níveis, comporta-se como uma categoria construtora da pessoa, ou seja, como um dos componentes da noção social da pessoa. Mas o fundamental é que a categoria fornece as bases para a aquisição de poderes não ordinários, poderes xamânicos que permitem a comunicação com as divindades e a capacidade de ação sobre as entidades anímicas dos indivíduos e da coletividade. Por sua vez, a transformação nagualista funciona como a capacidade de comunicar distintos domínios ontológicos, os diferentes âmbitos da realidade e possibilita a interação entre eles, tal como o faz o transe ou o sonho xamânico. É frequente que os xamãs narrem que, em suas viagens oníricas ou transes enteogênicos, podem ter acesso ao mesmo mundo pelo qual transitam os naguais; de tal relação deriva seu poder de atuar sobre eles no caso de anular ações malignas.

De fato, alguns estudos de caso, como o realizado por June Nash (1961) entre os Maias tzeltales e tzotziles de Chiapas, propõem que o nagualismo é a força do poder do xamanismo, já que é por meio da transformação que se consegue a comunicação com outra realidade, ainda que localmente sejam mais temidos que respeitados. A capacidade de transformação dos especialistas na vinculação com o extra-humano foi precisamente o poder mais temido e combatido pelos evangelizadores católicos, já que muitos sacerdotes não o consideravam somente uma superstição nativa, mas acreditavam nele como manifestação dos poderes demoníacos que lhes atribuíam. Como consequência desse processo de repressão histórica, agora, o nagualismo aparece frequentemente mais associado à bruxaria do que às práticas curativas e rituais xamânicas. Assim, muitos xamãs negam ter ou ser naguais.

Na atualidade, o registro etnográfico demonstra que muitos daqueles que poderíamos considerar xamãs baseiam sua prática no poder de seus naguais, como no caso dos Mixes, Chinantecos, Nauas, da Serra Norte de Puebla e de Zongolica em Veracruz, ou dos Maias de Chiapas. Mas nem em todos os grupos se associam os especialistas desta natureza à transformação. As evidências tornam válido sugerir que o nagualismo constituía e ainda constitui - em muitos casos - um dos componentes específicos que outorgam singularidade ao xamanismo mesoamericano. No entanto, nem todos os xamãs são agora dotados da capacidade do nagualismo. Todo nagual é, ou pode chegar a ser, um xamã, mas nem todos os xamãs precisam ser naguais. Esta capacidade, demonizada pelo colonialismo, foi restrita, mas não desapareceu; os alter egos da humanidade continuam transitando pelo universo paralelo, comunicando planos da existência, obtendo conhecimentos, poderes, capacidades de cura, possibilidade de inflingir danos, dados dos repertórios culturais que lhes permitem liderar as comunidades rituais e, por fim, influenciar a vida coletiva, como o fizeram durante milênios.

 

Notas

15 O arqueólogo Nicholas Saunders (2005:21) propõe a existência da noção da identidade espiritual entre homens e jaguares, por esta razão as representações escultóricas de homens-jaguar "[...] São seres sobrenaturais, produto da união dos governantes olmecas e seres jaguares míticos [...] A relação simbólica entre os poderosos felinos e os governantes e deuses da sociedade olmeca parece ter sido o início de uma tradição muito persistente no México [...]".

16 Em um excelente ensaio sobre o tema, Federico Navarrete (2000:165) chega a conclusões similares às nossas, assinalando que "[...] O nagualismo pode ser compreendido como uma técnica de mediação e comunicação entre os planos cósmicos [...] ao permitir que um ser se transforme em outro ser de natureza diferente, ou pertencente a um nível cósmico distinto, abrindo um canal de comunicação e ação que excede o âmbito de ação 'normal' deste ser e lhe permite atuar em outros planos cósmicos [...]".

Referências bibliográficas

ABBAGNANO, Nicola. 1963. Diccionario de filosofía. México: Fondo de Cultura Económica.         [ Links ]

ARAMONI, Maria Elena. 1990. Talokan tata, talokan nana: nuestras raíces. Colección Regiones. México: Consejo Nacional para la Cultura y las Artes.         [ Links ]

AUGSBURGER, Deborah. 2003. "Traduciendo la brujería. 'Brujos, hechiceros y hechizería' en el vocabulario de Córdoba". In: M. A. Romero Frizzi (coord.), Escritura zapoteca. México: CONACULTA-INAH-CIESAS.         [ Links ]

BARABAS, Alicia. 1989. Utopías indias. Movimientos sociorreligiosos en México. México: Ed. Grijalbo.         [ Links ]

BARTOLOME, Miguel. 1988. La dinámica social de los Mayas de Yucatán. México: CNCA-INI.         [ Links ]

______. 1991 [1977]. Chamanismo y religión entre los Avá-Katu-Ete. Asunción, Paraguay: Universidad Católica.         [ Links ]

______. 1997. Gente de costumbre y gente de razón. Las identidades étnicas en México. México: Siglo XXI-INI.         [ Links ]

______. 2000. El encuentro de la gente y los insensatos: la sedentarización de los cazadores ayoreo en el Paraguay. México-Paraguay: Instituto Indigenista Interamericano.         [ Links ]

______. 2009. Parientes de la selva. Los Guaraníes Mbya de la Argentina. Paraguay: CEADUC-Biblioteca Paraguaya de Antropología.         [ Links ]

BARTOLOMÉ, Miguel & BARABAS, Alicia. 1981 [1977]. La resistencia maya, relaciones interétnicas en el oriente de la península de Yucatán. México: INAH. 2a ed.         [ Links ]

______.; HERNÁNDEZ, Pedro & MORALES, Bartola. 1999. "Gente de una misma palabra. El grupo etnolinguísticochinanteco". In: A. Barabas; M. Bartolomé (orgs.), Configuraciones étnicas en Oaxaca, vol. II. México: INAH-INI.         [ Links ]

BASTIDE, Roger. 2001 [1972]. El sueño, el trance y la locura. Buenos Aires, Argentina: Amorrortu.         [ Links ]

BENSON, Elisabeth (coord.). 1972. The cult of the feline: a conference in Pre-Columbian iconography. Dumbarton Oaks, USA: Harvard University.         [ Links ]

BRUCE, Robert. 1975. Lacandon dream symbolism: dream symbolism and interpretation. Vol 1. México: Ediciones Euroamericanas.         [ Links ]

______. 1979. Lacandon dream symbolism: dictionary, index and classification of dream symbols.Vol. 2. México: Ediciones Euroamericanas.         [ Links ]

BURGOA, Fray Francisco. 1989 [1674]. Geográfica descripción.Vol.2.México: Porrúa.         [ Links ]

CASTILLO, María del Carmen. 2010. "Complementaridad simbólica en la cosmovisión ayuujk". In: A. Barabas; M. Bartolomé (coord.), Dinámicas culturales. Religiones y migración en Oaxaca. Oaxaca: Gob. Del Edo. De Oaxaca-INAH.         [ Links ]

COE, Michael D. 1965. The jaguar's children: pre-clasic central Mexico. New York: The Museum of Primitive Art.         [ Links ]

DE LA GARZA, Mercedes. 1990. Sueño y alucinación en el mundo náhuatl y maya. Instituto de Investigaciones Filológicas. México: UNAM.         [ Links ]

DEAN, Colin. 1996. The Australian Aboriginal "dreamtime": its history, cosmogénesis, cosmology and ontology. Victoria, Austrália: Gamahucher Press.         [ Links ]

DESCOLA, Philippe. 1989. "Head shrinkers versus shrinks: Jivaroan dream analysis". Man, 24(3):439-450.         [ Links ]

DIAZ-CORTEZ, Patricia Martel. 2004. "La magia de la palabra en el Ritual de los Bacabs", Arqueología Mexicana, XII(69).         [ Links ]

DURAN, Fray Diego. 1984. Historia de las Indias de Nueva España e Islas de Tierra Firme. Vol 2. México: Editorial Porrúa.         [ Links ]

DURKHEIM, Emile. 1968 [1912]. Las formas elementales de la vida religiosa: el sistema totémico en Australia. Buenos Aires, Argentina: Ed. Schapire.         [ Links ]

ELIADE, Mircea. 1960. El chamanismo y las técnicas del éxtasis. México: F.C.E. (1ª ed. em francês 1951).         [ Links ]

FAGETTI, Antonella (coord.). 2010. Iniciaciones, trances, sueños: investigaciones sobre el chamanismo en México. México: BUAP-Plaza y Valdéz.         [ Links ]

______. 1973. "Dreams, character and cognitive orientation in Tzintzuntzan". Ethos, 1:106-121.         [ Links ]

FOSTER, George. 1973. "Dreams, character and cognitive orientation in Tzintzuntzan". Ethos, 1(1):106-121.         [ Links ]

FREIDEL, David; SCHELE, Linda & PARKER, Joy.1999. El cosmos maya: tres mil años por la senda de los chamanes. México: Fondo de Cultura Económica.         [ Links ]

FURST, Peter. 1980 [1976]. Alucinógenos y cultura. México: Colección Popular, FCE.         [ Links ]

______. 1968. "The Olmec were jaguar motif in the light of ethnographic reality". In: Dumbarton Oaks Conference on the Olmec. Washington, USA: E. Benson.         [ Links ]

______. 1996. "Shamanism, transformation, and Olmec art". In: M. Coe et. al. (coord.), The Olmec world: ritual and rulership. Princeton: The Art Museum/ Princeton University.         [ Links ]

GALINIER, Jaques. 2009. "La huella cósmica de los sueños en el México indio. Una hipótesis otomí". In: El espejo otomí:dela etnografía a la antropología psicoanalítica. Colección Etnografía de los Pueblos Indígenas de México. México: INAH-CDI-CEMC.         [ Links ]

______.; PERRIN, Michel.1995. "Introducción". In: I. Lagarriga, J. Galinier, M. Perrin (coord.), Chamanismo en Latinoamérica. México: Ed. Plaza y Valdez Editores-Universidad Iberoamericana.         [ Links ]

GLOCKNER, Julio. 1997. "Los sueños del tiempero". In: B. Albores; J. Broda (coord.), Graniceros: cosmovisión y meteorología indígenas en Mesoamérica. México: El Colegio Mexiquense-UNAM.         [ Links ]

______.2004. "Chamanismo en los volcanes". Arqueología Mexicana, XII(69).         [ Links ]

HAMAYON, Roberte. 1990. La chasse à l'âme. Esquisse d'une théorie du chamanisme sibérien. Paris: Société d'ethnologie.         [ Links ]

______. 1993. "Are 'trance', 'ectasy' and similar concepts appropriate in the study of shamanism". Shaman, I(2).         [ Links ]

HOUSTON, Stephen & STUART, David. 1989. The way glyph: evidence for co-essences among the classic Maya. Research Reports on Ancient Maya Writing nº 30. Washington: Center for Maya Research.         [ Links ]

HUBER, Brad & SANDSTROM, Alan (coord.). 2001. Mesoamerican healers. USA: University of Texas Press.         [ Links ]

JANSEN, Maarten & PEREZ JIMENEZ, Gabina Aurora. 2008. "Paisajes sagrados: códices y arqueología de ÑuuDzaui". Revista Itinerarios, 8.         [ Links ]

KLEIN, Cecelia; GUZMAN, Eulogio; MANDEL, Elisa & STANFIELD-MAZZI, Maya. 2002. "The role of shamanism in mesoamerican art: a reassessment". Current Anthropology, 43(3):382-419.         [ Links ]

LAGARRIGA, Isabel; GALINIER, Jaques & PERRIN, Michel (coord.). 1995. Chamanismo en Latinoamérica. México: Plaza y Valdez Editores.         [ Links ]

LANGDON, Jean (org.). 1996. Xamanismo no Brasil. Novas perspectivas. Florianópolis: Ed. Universidade Federal de Santa Catarina.         [ Links ]

LAPLANTINE, Francois. 1977. Mesianismo, posesión y utopía: las tres voces de la imaginación colectiva. Barcelona: Ed. Gedisa.         [ Links ]

LAUGHLIN, Robert. 1976. Of wonders wild and new: dreams of Zinacantan. Washington: Smithsonism Institution.         [ Links ]

LÉVY-BRUHL, Lucién. 1972 [1922]. La mentalidad primitiva. Buenos Aires: Ed. La Pléyade.         [ Links ]

______. 1974 [1927]. El alma primitiva. Barcelona: Ed. Península.         [ Links ]

LÉVI-STRAUSS, Claude. 1964 [1962]. El pensamiento salvaje. México: Breviarios/ FCE.         [ Links ]

______. 1968 [1949]. "La eficacia simbólica". In: Antropología estructural. Buenos Aires: EUDEBA.         [ Links ] . 1986 [1985]. La alfarera celosa. Barcelona: Ed. Paidos.         [ Links ]

LOPEZ AUSTIN, Alfredo. 1969. Augurios y abusiones. Textos de los informantes de Sahagún. México: Instituto de Investigaciones Históricas, UNAM.         [ Links ]

______. 1989 [1972]. Hombre Dios: religión y política en el mundo nahuatl. México: UNAM.         [ Links ]

______.1990. Los mitos del tlacuache. México: Alianza Editorial.         [ Links ]

______.1994. Tamoanchan y Tlalocan. México: F.C.E.         [ Links ]

MARCUS, Joyce. 2002. "Invited comment".         [ Links ] In: C. Klein et al."The role of shamanism in Mesoamerican art: reassessment". Current Anthropology, 43(3):382-419.         [ Links ]

MARION, Marie-Odile. 1996. "La oniroromancia maya: un recurso ante el infortunio". Anuario 1996. Chiapas: UCAECH.         [ Links ]

MARTÍNEZ GONZÁLEZ, Roberto. 2009. "Sobre la existencia de un nahualismo purépecha y la continuidad cultural en Mesoamérica". Relaciones, 117 (XXX).         [ Links ]

MAUSS, Marcel. 1971. Obras completas. Tres Tomos. Barcelona: Barral Ed.         [ Links ]

MERRILL, William. 1987. "The rarámuri stereotype of dreams". In: Bárbara Tedlock (ed.), Dreaming. Cambridge: Cambridge University Press.         [ Links ]

NASH, Manning. 1961. "Wichcraft as social procesn in a tzeltal community". América Indígena, 20.         [ Links ]

NAVARRETE, Federico. 2000. "Nahualismo y poder: un viejo binomio mesoamericano". In: F. Navarrete y G. Olivier (coords.), El héroe entre el mito y la historia. México: UNAM.         [ Links ]

NIÑO VARGAS, Juan Camilo. 2007. "Sueño, realidad y conocimiento: noción del sueño y fenomenología del soñar entre los Ette del norte de Colombia". Antípoda, 5.         [ Links ]

OROBITG CANAL, Gemma. 2004. "Los sueños como fuentes antropológicas para el estudio de las sociedades amerindias". Primer Congreso Internacional Catalunya-América. Barcelona: ICCC.         [ Links ]

PERRIN, Michel. 1995. "Lógica chamánica". In: I. Lagarriga, J. Galinier, M. Perrin (coord.), Chamanismo en Latinoamérica. México: Ed. Plaza y Valdez Editores-Universidad Iberoamericana.         [ Links ]

PITARCH, Pedro. 1996. "La alteridad íntima como diferencia étnica", "Narrativa, ritual, silencio". In: Una etnografía de las almas tzeltales. México: Fondo de Cultura Económica. pp. 107-198.         [ Links ]

REICHEL-DOLMATOFF, Gerardo. 1978. El chamán y el jaguar. México: Siglo XXI Eds.         [ Links ]

REYES GOMEZ, Laureano. 2008. "La visión zoque del inframundo". Revista Española de Antropología Americana, 38(2).         [ Links ]

ROMERO LÓPEZ, Laura (coord.). 2011. Chamanismo y curanderismo: nuevas perspectivas. México: Benemérita Universidad Autónoma de Puebla.         [ Links ]

ROULLET, Juliette. 2003. "Espacio ordenado, espacio dilatado: metamorfosis del día a la noche". In: A. Breton, A. Monod, M. H. Ruz (coord.), Espacios mayas. Usos, representaciones, creencias. México: UNAM/Centro Francés Estudios Mexicanos y Centroamericanos.         [ Links ]

SAHAGUN, Fray Bernardino. 1977 (circa 1547-1580). Historia general de las cosas de la Nueva España. Editada por Ángel María Garibay. 4 Tomos. México: Ed. Porrúa.         [ Links ]

SAUNDERS, Nicholas. 2005. "El ícono felino en México". Arqueología Mexicana, XII(72).         [ Links ]

SEAMAN, Gary & DAY, Jane (coord.). 1994. Ancient traditions: shamanism in Central Asia and the Americas. USA: University Press of Colorado/ Denver Museum.         [ Links ]

SCHOBINGER, Juan (comp.). 1997. Shamanismo sudamericano. Buenos Aires: Ed. Continente.         [ Links ]

SMITH, Thomas. 2001. "Dioses sacerdotes y sacrificios". In: V. de la Cruz, M. Winter (coords.), La religión de los Vinnigula'sa'. México: IEPO-Instituto Oaxaqueño de las Culturas.         [ Links ]

SPENCER, Baldwin & GILLEN, Francis. 1899. Native tribes of Central Australia. Londres: Elibron Classics.         [ Links ]

TRANFO, Luigi. 1979. "Tono y nagual". In: Italo Signorini (coord.), Los Huaves de San Mateo del Mar. México: Oaxaca INI, Colección Presencias.         [ Links ]

TEDLOCK, Barbara. 1987. Dreaming: anthropological and psychological interpretations. Cambridge: Cambridge University Press.         [ Links ]

______. 1991. "The new anthropology of dreaming". Dreaming, 1(2). Disponível em: http://www.asdreams.org/journal/articles/1-2tedlock1991.htm         [ Links ]

TYLOR, Edward B. 1981 [1871]. Primitive culture. Londres: John Murray.         [ Links ]

VALLEJO, Alberto. 2005. "RilajMaam como nawal", "El dios anciano en la tradición religiosa mesoamericana: RilajMaam, como sostén del mundo". In: Por los caminos de los antiguos nawales (RilajMaam y nawalismo maya tz'utujil en Santiago Atitlán). Obra Diversa. México: INAH. pp.169-213.         [ Links ]

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. 2002. A inconstância da alma selvagem. São Paulo: Cosac & Naify.         [ Links ]

bottom of page